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sábado, 15 de dezembro de 2007

As Independências do Brasil

Quando se fala em independência do Brasil, é muito comum associá-la à imagem de D. Pedro I sacando a espada e proclamando impetuosamente a separação entre Brasil e Portugal, como na tela abaixo. Essa imagem que está arraigada na mentalidade dos brasileiros é resultado de escolhas feitas por historiadores e outros estudiosos ainda no século XIX.
Na verdade, não houve um momento específico em que a região que constituía a colônia portuguesa na América tornou-se uma nação. Houve, sim, um período no qual diversas atitudes foram tomadas, de parte a parte, e que acabaram resultando na fundação de um império brasileiro reconhecido por outras nações. Assim, a escolha de uma data ou de um fato para marcar essa passagem foi arbitrária e refletiu o que se quis valorizar no momento.
Em 1822, os vários personagens envolvidos no processo tinham diferentes opiniões de qual acontecimento era o mais significativo para simbolizar a independência. Alguns defendiam o dia 1º de agosto (em que D. Pedro convoca uma assembléia constituinte), outros, o dia 6 de agosto (quando reivindica a condição, para o Brasil, de "reino irmão" de Portugal) ou, ainda. 12 de outubro (em que o povo aclama D. Pedro como imperador do Brasil).
A rigor, o dia 7 de setembro só passou a fazer parte das datas nacionais em 1826, devido à necessidade de D. Pedro em afirmar-se perante a elite e a população nacionais, diante da desconfiança que havia sobre seu desejo de reunificar a Coroa brasileira a portuguesa. A data escolhida, que até hoje comemoramos, surge assim de um interesse político em apresentar D. Pedro como o grande responsável pela independência, colocando em segundo plano os outros atores e acontecimentos.
A independência da colônia portuguesa na América resultou da vitória de um dos vários projetos possíveis, pensados entre o final do século XVIII e o início do século XIX. Os mais evidentes foram aqueles que não se identificavam com a criação de um império, com a unidade territorial, com a continuidade de um português na liderança do governo ou mesmo com a manutenção da elite tradicional no poder.
Exemplos disso são a Inconfidência Mineira, a Revolta dos Alfaiates ou a Confederação do Equador. São eventos que não podem ser reduzidos a "momentos" do processo ou a contribuições para a independência de 1822, pois, além de haverem defendido objetivos diferentes, foram derrotados pelas elites que apoiavam D. Pedro I, dando feição a uma nação, de acordo com seus interesses.

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